Saturday, March 31, 2007

tempo, coisas simples e força de viver


pergunto eu porque ha descriminações no exercício das mais diversas profissões... afinal nao serão todas necessárias, tendo por isso mesmo sido criadas. Sinto que este problema se deve a uma questão cultural que remonta ao vazio dos interiores das almas.. senão, veja-se, porque um varredor de ruas será menos pessoa que um professor ou um médico? São ambos necessários, cada um com a sua função na comunidade, sendo que na comunidade todos deveriamos contribuir para um espaço comum mais agradável e socialmente funcional. Recordo quando, a propósito de respeito, uma colega minha de profissão comentava que os professores deviam voltar a usar uma bata, «porque isso marca logo a distância»... não lho disse (porque percebi que nao entenderia), mas pensei imediatamente que a bata só serve para impor respeito a quem não o têm interiormente. Ora aqui está uma noção completamente falsa (no meu entender) de valorização profissional, valemos pela aparência (e nao pela competência). Tal como noutras áreas da existência humana, o respeito conquista-se pela soma de méritos, e nao por uma bata ou qualquer outro acessório.. e muito menos se aparente...

Em pleno século XXI, ainda nos confrontamos com este tipo de problemas (básicos), a questão da valorização e dignidade pessoal... Nas culturas do nosso velho continente europeu isto ainda está mais profundamente enraízado ( o que para mim é suficiente para pôr em causa o sentido da evolução e progresso da civilização europeia que tantas culturas aniquilou em nome do dito progresso e civilização... está certo.. também se fizeram grandes progressos nomeadamente ao nível das tecnologias.. concordo! Mas questiono: em que sentido?!?)

Optei conscientemente por um modo de vida associado ao total desprendimento material, ao enriquecimento da alma pelo nada possuir, pelo nada saber, pelo nada querer... no entanto, não desperdiço nada do que me venha parar em mãos, tudo quero aprender, nem, tão pouco, desperdiço nenhuma oportunidade na vida... a diferença consiste no apreender o que se me depara, ao invés de procurar cegamente o que não sei... Também acredito que parece estranho e possivelmente contraditório, mas não o é, de facto!

Desta forma, dispenso aparências e conquistas menos enriquecedoras da alma... e quando dou aulas aos meus alunos procuro, na prática constante, proporcionar-lhes esta atitude, que sei, entenderem melhor e mais fácilmente que muitos adultos viciados no progresso e na civilização.

A minha maior riqueza é a sabedoria na humildade. O meu maior bem é o tempo para apreender as coisas simples da vida. A minha maior conquista é a força de viver.

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